A repercussão dos desastres aéreos (#forçaChape)

 Desastres aéreos são sempre eventos que geram muita comoção. Aviões são meios extremamente seguros de transporte, mas sempre quando há algum acidente este rapidamente ganha contorno especial da mídia.

Uma das razões para tal é o número de vítimas. Não é o caso de uma moto ou um carro que se acidenta e mata meia dúzia de pessoas; são dezenas de pessoas que perdem a vida. Além disso, a dramaticidade dos desastres aéreos é outro fato que torna estes eventos peculiares. Em geral especula-se se a morte foi instantânea pela despressurização da cabine, se os passageiros agonizaram em queda livre até que o avião atingisse o chão, se o mesmo explodiu no ar, em quantos pedaços se partiu, se se partiu no ar ou em solo, e assim por diante.

Além da quantidade de vítimas e da pungência de tais mortes, acidentes envolvendo aviões mexem também com o medo relacionado ao perenal desejo do homem de voar. Voar sempre foi um sonho humano, mas como em tudo que se quer muito, há também o medo de que aquilo não dê certo. Voar é contra intuitivo. Ainda mais quando pensamos em uma geringonça de toneladas de peso sendo suspensa no ar por horas a fio. Ademais, para o passageiro, não se tem controle do avião. Quando se entra na aeronave, não dá mais para sair até que o voo termine. Não dá pra “virar a esquerda”. Não dá pra prestar atenção na rua para tentar controlar um motorista imprudente na faixa oposta (nem pra frente conseguimos olhar, somente para os lados pelas minúsculas janelinhas). Não há controle, não há saída. Daí o medo que muitas pessoas têm de voar. E estes acidentes, divulgados longamente e com riqueza de detalhes na mídia, realizam o medo. Tornam aquilo material. Como que concretizam uma sensação vaga e não palpável de temor.

Não obstante, o acidente de hoje nos causa também um abalo a mais. O time de Chapecó não deixa, outrossim, de nos mobilizar nestes tempos difíceis de turbulência político-econômica. A equipe subiu da série D para a série A em apenas 5 anos e era um caso de sucesso empresarial. Com a crise no país, mantinha orçamento enxuto, um time sem estrelas, e mesmo assim chegou à final da Copa Sul Americana. Um exemplo de vitória em momentos de grande adversidade. Contra Golias multimilionários, com técnicos e jogadores ganhando salários astronômicos, é inevitável que torçamos para os Davis. Exemplos como o da Chapecoense despertam nossa empatia pela humildade, pela força de vontade, e pelo desejo de dar certo. E o sonho acaba quando estavam prestes a concretizar o sonho de uma final de campeonato interclubes internacional.

Fica aqui registro meu do mais profundo lamento pelas mortes ocorridas nesta tragédia.