A depressão entre pessoas ligadas às artes é tão antiga quanto a civilização: Aristóteles já falava do excesso de “bile negra” em artistas. Em 1999 Antonio Pretti e Paola Miotto fizeram um levantamento de suicídios levados a cabo por artistas eminentes entre 1800 e 1900 (incluindo Virginia Woolf e Ernest Hemingway), e concluíram que a taxa de suicídio entre essas pessoas foi bem maior que a da população geral da época. Usando os arquivos nacionais de mortalidade nos Estados Unidos, Steven Stack concluiu em 1996 que ser artista elevava o risco de suicídio em 270%. Dentre outros fatores, os autores apontam a criatividade e a reatividade emocional como fatores inerentes a essas profissões que estariam associados a um risco maior de distúrbios de humor e suicídio. Ou seja, a mesma emotividade que Robin Williams transmitia de maneira tão sensível e tocante ao seu público através de seus papéis (John Keating em Sociedade dos Poetas Mortos e Adrian Cronauer em Bom Dia Vietnã, meus preferidos), tornou-se doença, ficou maior que ele e o consumiu. Mais uma triste vítima da depressão.
– Preti, A, Miotto, P. Suicide among eminent artists. Psychological Reports, 1999, 84, 291-301.
– Stack, S. Gender and suicide risk among artists: a multivariate analysis. Suicide and Life-threatening behavior, 1996, 26(4), 374-379.